Alma ou Corpo?
Como posso conhecer a tua alma?
Se mostras-me só teu corpo,
achas que pernas, braços e cabelos te compõem,
figuras-te como um manequim eterno,
juventude e jovialidade tão fugazes,
jogos de cena em paisagens de cinzas,
na superficialidade dos sentidos...
Alma não tem cor, sexo ou aparência,
alma não tem altura, tamanho ou deficiência,
alma é a essência que faz viver o corpo,
alma é a singularidade que habita cada corpo,
alma é a efervecência de cada corpo,
um corpo que é apenas invólucro,
um corpo que é apenas uma embalagem,
um corpo que é descartável...
Como posso tocar a tua alma?
Se quando me olhas vês um corpo,
enxergas músculos, contornos e pêlos me confinando,
configuras-me como um modelo de exposição,
agilidade e masculinidade tão perecíveis,
imagens de dublês de filmes de ação,
na efemeridade de palavras soltas ao vento...
Alma é o que traduz as ações e respirações,
alma é o movimento que fazemos no tabuleiro de xadrez da vida,
alma é a força que nos leva para o bem ou para o mal,
alma é a luz que nos faz sair da escuridão do útero,
alma é o que nos define como seres humanos,
corpo é a ilusão de existências pequenas,
corpo é a imperfeição de mentes vazias,
corpo é a tristeza de escolhas mal feitas...
Como posso amar a tua alma?
Se tudo que me ofereces é um corpo oco,
uma casca de noz sem os mistérios do universo,
meus sentimentos não são depositados em carne, ossos e sangue,
feches teus olhos e reapreenda o mundo pelo tato,
compreenda os sons, os aromas, as falas, as batidas dos corações,
faças-te cega e então verás mais do que o que está à sua frente,
só então saberás o que é amar com a eternidade das divindades...