Noblesse oblige!
Cidadão quer cigarros,
quer o milhar premiado,
quer a posse e o feriado,
raparigas e carros
e perdão.
Sim.
Sempre quis.
Sempre há uma praça,
sempre um cigarro sacana,
sempre umas mudanças,
gêneros e outros sais.
Sai!
Cidadão quer o que sabe.
Fecham portas,
fecham as caras,
festividades nos arredores,
alegorias de mortos, vivos,
rumores de automóveis
e jumentos de Júlio Verne.
Será o Benedito?!
Cidadão sai de casa,
perfuma a esquina com safadezas
e os olhares atentos com as curvas da patroa,
pilhérias ácidas,
zomba das mães,
zomba dos governos,
finge saber das equações.
Finge sempre.
Todo sábado a mesma estória:
Mulher espanta os males no supermercado,
mulher gosta das caixas e somente das caixas,
toca com cautela as frutas, escolhe seus frios
e os olhares quentes por detrás do balcão,
enquanto o cidadão tenta marcar território
na feira, como um cão que aguarda
por ossos... e sarnas.
Coça, diabo!
Mas esse jeitinho é brasileiro
e sacramentado...
Noblesse oblige.