Noblesse oblige!

Cidadão quer cigarros,

quer o milhar premiado,

quer a posse e o feriado,

raparigas e carros

e perdão.

Sim.

Sempre quis.

Sempre há uma praça,

sempre um cigarro sacana,

sempre umas mudanças,

gêneros e outros sais.

Sai!

Cidadão quer o que sabe.

Fecham portas,

fecham as caras,

festividades nos arredores,

alegorias de mortos, vivos,

rumores de automóveis

e jumentos de Júlio Verne.

Será o Benedito?!

Cidadão sai de casa,

perfuma a esquina com safadezas

e os olhares atentos com as curvas da patroa,

pilhérias ácidas,

zomba das mães,

zomba dos governos,

finge saber das equações.

Finge sempre.

Todo sábado a mesma estória:

Mulher espanta os males no supermercado,

mulher gosta das caixas e somente das caixas,

toca com cautela as frutas, escolhe seus frios

e os olhares quentes por detrás do balcão,

enquanto o cidadão tenta marcar território

na feira, como um cão que aguarda

por ossos... e sarnas.

Coça, diabo!

Mas esse jeitinho é brasileiro

e sacramentado...

Noblesse oblige.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 13/02/2016
Reeditado em 14/02/2016
Código do texto: T5542253
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