RUA VAZIA

Desco a rua...a rua vazia.

Um sopro de solidao,

traz-me a brisa, ate a pele.

Algo solido ha sob meus pes...

Massa asfaltica negra, escrava,

jogada ao solo e pisoteada

tem o gemido pedindo melhor sorte

"queria , eu, ser somente terra".

Meus passos...movimentos sincronizados

e as paredes me observam

cheias de si em suas cores

mal se dao conta

de vizinhos sofredores...

simplesmente imponentes

e guardias escondendo verdades

de um outro lado.

Portas e janelas acenam

de todos os lados,

pedindo-me atencao,

que as toque, abra-as

para o vento levar todo lixo

escondido atras de paredes.

Algumas arvores lancam-me folhas...

sao panfletos, cartas, anuncios

pedidos de socorro...

como se fosse, eu, o salvador.

Elas tem a dor em suas raizes.

Eu...apenas desco a rua...a rua vazia.

Os postes...suportam o peso eletrico...

pedem-me ajuda...

ou apenas que cite-os

em alguma linha de qualquer poema.

Pedras, nas calcadas, acotovelam-se apertadas,

sufocadas pelo calor,

a espera da primeira gota de chuva.

Alguns tijolos...de um muro ao lado

discutem sobre o destino...

Seria o meu?

Nao sei o quanto caminhei...

tanta coisa existia ali.

Pensei em dar adeus a todos...

Mas apenas desci a rua...

a rua que nao estava vazia.

Eddie Freitas
Enviado por Eddie Freitas em 05/07/2007
Reeditado em 05/07/2007
Código do texto: T553813