RUA VAZIA
Desco a rua...a rua vazia.
Um sopro de solidao,
traz-me a brisa, ate a pele.
Algo solido ha sob meus pes...
Massa asfaltica negra, escrava,
jogada ao solo e pisoteada
tem o gemido pedindo melhor sorte
"queria , eu, ser somente terra".
Meus passos...movimentos sincronizados
e as paredes me observam
cheias de si em suas cores
mal se dao conta
de vizinhos sofredores...
simplesmente imponentes
e guardias escondendo verdades
de um outro lado.
Portas e janelas acenam
de todos os lados,
pedindo-me atencao,
que as toque, abra-as
para o vento levar todo lixo
escondido atras de paredes.
Algumas arvores lancam-me folhas...
sao panfletos, cartas, anuncios
pedidos de socorro...
como se fosse, eu, o salvador.
Elas tem a dor em suas raizes.
Eu...apenas desco a rua...a rua vazia.
Os postes...suportam o peso eletrico...
pedem-me ajuda...
ou apenas que cite-os
em alguma linha de qualquer poema.
Pedras, nas calcadas, acotovelam-se apertadas,
sufocadas pelo calor,
a espera da primeira gota de chuva.
Alguns tijolos...de um muro ao lado
discutem sobre o destino...
Seria o meu?
Nao sei o quanto caminhei...
tanta coisa existia ali.
Pensei em dar adeus a todos...
Mas apenas desci a rua...
a rua que nao estava vazia.