Do outro lado

Benção, mãe,

que a estrada

é longa e a partida

é certeira.

Mas passarinho que voa alto

pode ser que não torne,

ou se perca na estrada,

ou se morra em tanta vida,

se é que vida há nesse voo nublado.

Bênção, mãe,

que a partida é hora dura

e lágrimas atrapalham,

que os olhares se entrelaçam

e sabem o que os lábios suprimem

na hora do adeus.

Mas passarinho que voa alto

pode ser que voe mais, e

nuns sopapos indiferentes,

se aproxime das habitações do Criador,

e de lá, guarde teu sono ligeiro que antecede

as preces por mim em tanta madrugada.

Bênção, mãe.

Se o amanhã não me trouxer,

tenho ido preparar nosso lar.

Do outro lado.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 03/02/2016
Reeditado em 03/02/2016
Código do texto: T5532811
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