Liquefeito

O sol ardia,

como nunca antes,

suor, sangue e amargura.

O rapaz desfalecia, incrédulo,

ante monumentos de pedra e mentiras,

co'a face enrugada e cansada dos abismos,

à procura de abraços,

quiçá braços do Pai.

Pai nosso que estás nos céus:

Vê esse filho vosso que clama da terra

e afoga-se em pedras e coquetéis.

O sol ardia.

Umas tentativas de mesclar vida e morte,

delícias e poesias num ato lúgubre, público.

Outros passos,

ponto de ônibus,

safena e rostos íngremes...

O sol se punha,

e levou consigo

as dores do rapaz.

Liquefeito.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 27/01/2016
Código do texto: T5525445
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