Poesia não se explica
Se respira, se vive, transpira poros e alma,
Tatua nuas mãos, sem luva, na chuva, tesão;
Coisa de pele, fogo que nada apaga, acalma,
Feito coisa de alma, voa, contornada emoção.
Poesia não se explica, pois perderia a mágica,
Depende do olhar de cada um, e do coração;
Que transforma a palavra, dramática, trágica,
Depende da hora, da Lua, da luz, da inspiração.
Se estendo as mãos e as pega, devolve emoção,
E nesse emaranhado de ideias, surge uma canção;
De perdoáveis versos, um carinho, uma tentação,
Que volta pra casa, sem asas, mas com imaginação.
Vem, rascunha comigo, tremo, ao pensar que não,
Sei que parece tudo fora do prumo, mas por certo;
No fim, a linha se endireita, o nível se ajusta, paixão,
E amor andam juntos, teus versos, quero aqui perto.