Oriundo
Nos porões de uma grande nave,
convívios se misturam, difundindo enganos.
A absoluta certeza do tempo passando
parece estagnar a vida em previsíveis rotinas.
As falas, por vezes, são conhecidas,
as atitudes antecipadas, percebidas,
as janelas perdem suas cortinas.
Escotilhas revelam o mesmo mar ao redor,
mas as paisagens da proa são diferentes.
A embriagues costumeira da segunda classe,
promovendo vagos instantes sem repasse,
com pessoas vazias, de almas carentes.
Um estranho no meio, um fim abstrato,
vivências sinceras num mesmo retrato,
molduras desfeitas, destino oriundo.
É ali, naquele ambiente previsível,
na imperfeição de mim mesmo,
que diariamente afundo.