Caneta presa a cama

Sabe...

No meu quarto não tenho uma cabeceira a minha direita,

a esquerda uma velha parede repleta de falhas no reboco,

a direita tenho apenas roupas jogadas ao chão,

alguns livros de poesia

aos quais busco as respostas,

e um colchão de casal dobrado e que permanece num V invertido.

Esse colchão é usado em três ocasiões

visitas,

busca da quebra da solidão ao dormir no chão

(essa está relacionada a terceira),

e quando trago alguma mulher para casa...

tenho dormido bastante no chão,

de vez em quando recebemos visitas,

Já ouvi que nada de bom acontece depois das duas da manhã...

Parece fazer sentido

dois

(ou mais)

mundos se colidem,

e você sabe que está perdido,

e que a luz está logo ali,

a um passo de distância,

mas para onde?

Um passo.

Quase vinte anos e não foram poucos os passos que lhe fizeram arder dos pés a cabeça.

Parece que este “um passo” na direção “errada” tem suas consequências,

falo como conhecedor pois caminhei muito.

E ainda estou decidindo qual caminho seguir.

Durmo com a caneta presa a cama,

com esperança de algo nascer nessa noite de céu azulado.