Montagem

A vida é um vasto encaixe de lego

Desafio a domar o Fado selvagem,

na inóspita arena da nossa vivência;

Demanda saber onde vai a coragem,

e, onde encaixa melhor a prudência...

Às voltas com as demandas me pego,

ora, coisas, ora, sou eu de passagem,

conforme requer, dona conveniência;

nas réplicas insanas que retroagem,

ou, nas utopias, filhas da demência...

A nenhuma conclusão, porém, chego,

a incerteza é a mais certa mensagem,

que se colhe na imprevisível vivência;

e o dia a dia nos aumenta a bagagem,

quando nós viajamos na experiência...

Ora falta martelo, outra, falta o prego,

me rebusco, dessa simplória imagem,

pra retratar nossa necessária carência;

Necessária para a têmpera na viagem,

para sabermos o valor, custo, essência...

Já botei os pés pelas mãos, não nego,

devaneando com uma alheia pastagem,

Plasmando meios da própria sofrência;

Aí, chamamos, sina, azar, zica, bobagem,

quando vem, a senhora consequência...

Se, convencido por Cristo, a Cruz pego,

aprendo que seu peso é sua mensagem,

que servir é o sentido, alvo da existência;

encontro a última peça, findo a montagem,

eis uma vida, com valor, sentido, excelência...