POÉTICA LIBERDADE

Eu faço versos para ficar, para ir embora,
Para o agora, para o depois, para o antes,
Para o velho barco que desancora,
E desliza errante, sobre o mar ondulante.

Eu faço versos para o encanto, para o desencanto também,
Para a noite, para o dia, para a realidade, a fantasia,
Para as linhas férreas, para o barulho do trem,
Para, o, porém, da enigmática travessia.

Eu faço versos para o cristão, para o ateu,
Para as rasuras, as rupturas, a loucura,
Para os sonhos ao vento, para a claridade, para o breu,
Para os amores, os desamores, as dores que o tempo não cura.

Eu faço versos para mãe natureza,
Que ainda resiste a indelicadeza humana,
Para as esquinas, as retinas de incertezas,
Para as almas (des)aladas, quantas, santas ou profanas.

Eu faço versos para o isso, o aquilo,
Para os próprios versos, perdidos no sem termo,
Para a poética liberdade de estilo,
Para a dança das borboletas, para mim mesmo.

Eu faço versos de dentro para fora, de fora para dentro,
Para o movimento das coisas, o inquieto motivo,
Faço de cada verso, o meu sustento,
Se eu não fizer? ah! eu apenas, passo pela vida, não vivo...