Sabores e cores
Dizem que essa semana ele volta, não sei se acredito
Acostumei com a cor dos dias, não com a cor da vida
Por isso às vezes silencio, sou pétalas apenas em escritos
A flor se guarda, cala, se reveste de tempo, esquecida
Há dias e dias, independem do calor do astro rei e do céu
Em que se anseia por mel, e há apenas um amargor
Aprendi a gostar de rúcula, vinho tinto, um variado sabor
Mas ainda gosto de pipoca, maçã do amor e carrossel
Gostos infantis, e medos bobos que ainda acompanham
Esse paladar doce, essa alma ainda mais doce, nem sei
Tudo imperfeito por aqui, há monstros que assombram
Às vezes os vejo, caminham pelo mesmo lugar que andei
Passos dobrados, então me recolho, meio assustada
Fecho os olhos, e tudo acontece, crio pétalas e até asas
Empresto um pouco de teu olhar, me contorno enluarada
Réstias prateadas de teu ser, sopro que alimenta a brasa
E no fogo vertido de nossas almas, sou tudo e ninguém
Sou nada e alguém, sou verso, de uma palavra levada
Vento na madrugada que o beijou, outra vez do amor refém
Que adormece nos braços do tempo, se sentindo amada.