Reveses

No redemoinho das minhas inquietações
Descaso com a criança e com o pobre
Salta dos meus pensamentos em borbotões
Sentimento doloroso que minha face cobre.

A injustiça que campeia solta pelo mundo
Não é cega, nem surda, nem muda
Porque é praticada às claras e atinge fundo
O coração de uma gente que a face desnuda.

Mas há os reveses da vida: hoje é o chefe
Que explora o empregado e o escraviza
Amanhã será o patrão que já não conhece
Aquele que foi por ele explorado na sua cobiça.

Boa colheita terá quem não for omisso
No serviço ao próximo e na prática da justiça
Servir a todos igualmente é divino compromisso
Pois bem se diz que se dá mal que o fogo atiça.

Mena Azevedo