Sandália prata

Às vezes queria, outras nem sei, se antes podia, agora é lei?

É só poesia, versos pra compor, mais um dia, sentir a expor,

Verte palavras, no fio fininho d'água, fonte que parece secar,

Ou não está nem aqui, alma voou, foi pousar em teu olhar...

Olha, meu bem, mas não faz minha face corar, não despe,

Palavras que me vestem, roupas simples, não teste cores;

São tantas, que a primavera vai se enciumar, são só flores,

Bordados, prata que a lua emprestou, era noite mas clareou...

Não tateou, não procurou, outra vez, mais uma noite sem fim,

Conto de fadas, não pontuo nada, pense o que quiser de mim;

E nos pés delicados, bela sandália prateada, não era de cristal,

Era tudo verdade, não era sonho, era simples, triste e tão real.