Lamento por Mariana...
Em cada ruga que o tempo em mim escreveu
Uma certeza de que não fui eu
Não fui eu quem quis esse destino
Essa dor em desatino no lamaçal de MARIANA
Essa terra que me ama, essa menina das GERAIS
Com seus tantos ais tão cedo já esquecidos...
O que me dói com a dor dos meus irmãos
Com a tristeza de ter perdido meu tempo
Consciente de que ele não volta.
De ver morrendo meu RIO que era DOCE e não é mais
A vida se esvaindo, se indo com minhas lágrimas
E a esperança que jaz.
Cada marca cicatrizada em minha pele
Indubitavelmente me compele
À compreensão de que passo
No peso e na medida de meus feitos
E de todos os meus defeitos
Espalhados pelo caminho...
Cada passo que me conduz à morte
Revela-me que eu não vou sozinho
Os meus irmãos, os peixes, os gados, a vegetação...
Tudo passa, e eu não sou passarinho.
Sou tristeza, sou lamento, revolta, ressentimento...
E eu só queria que a alvura de meus cabelos
Trouxesse em mim a única convicção
Que plantei rosas, mas não espalhei espinhos
Que na vida, cultivei meu jardim no solo de MARIANA,
Essa mineira que me acolheu em seus braços,
Me fez dormir com suas histórias ,
No aconchego de sua cama.
E eu só pergunto em meu restinho de vida
Rolando lágrimas sentidas
Quem se dignará na minha indigNAÇÃO
De vê-la assim MARIANA
Destruída no meio da lama?...