Lamento por Mariana...

Em cada ruga que o tempo em mim escreveu

Uma certeza de que não fui eu

Não fui eu quem quis esse destino

Essa dor em desatino no lamaçal de MARIANA

Essa terra que me ama, essa menina das GERAIS

Com seus tantos ais tão cedo já esquecidos...

O que me dói com a dor dos meus irmãos

Com a tristeza de ter perdido meu tempo

Consciente de que ele não volta.

De ver morrendo meu RIO que era DOCE e não é mais

A vida se esvaindo, se indo com minhas lágrimas

E a esperança que jaz.

Cada marca cicatrizada em minha pele

Indubitavelmente me compele

À compreensão de que passo

No peso e na medida de meus feitos

E de todos os meus defeitos

Espalhados pelo caminho...

Cada passo que me conduz à morte

Revela-me que eu não vou sozinho

Os meus irmãos, os peixes, os gados, a vegetação...

Tudo passa, e eu não sou passarinho.

Sou tristeza, sou lamento, revolta, ressentimento...

E eu só queria que a alvura de meus cabelos

Trouxesse em mim a única convicção

Que plantei rosas, mas não espalhei espinhos

Que na vida, cultivei meu jardim no solo de MARIANA,

Essa mineira que me acolheu em seus braços,

Me fez dormir com suas histórias ,

No aconchego de sua cama.

E eu só pergunto em meu restinho de vida

Rolando lágrimas sentidas

Quem se dignará na minha indigNAÇÃO

De vê-la assim MARIANA

Destruída no meio da lama?...

Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 17/11/2015
Reeditado em 21/11/2015
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