Pareidolias
Minhas pareidolias me dão língua na parede do meu quarto
Caras fechadas se vestem da minha indignação
Nada disso existe, eu sei
Mas sendo frutos da minha imaginação refletem, mesmo sem espelho, os sentimentos que a calmaria oculta em meu coração
Alguns me lembram pinturas de Picasso
Outras, a Marianne de Delacroix
Que, erguendo a bandeira da revolução,
Diz palavras que em meus versos não sou capaz de expressar
Monstros híbridos da minha imaginação
Resultados da hibridez de sentimentos que em mim se ultrajam de paixão
Fantasminhas nada camaradas
Que assustam crianças no meio da estrada
Uma dessas crianças talvez seja eu
Outrora tão assustada com os horrores da madrugada
O que representam ao certo não sei
Loucas pareidolias!
Que submissas a sua própria lei
Me assombram e me encantam todos os dias!