TUDO POR AÍ...






Tudo por aí,
Nas páginas brancas,
Nos galhos das árvores,
Nos bytes e megas,
No vão das calçadas,
Rasgadas, queimadas,
Na estante guardadas,
Sem dó, desprezadas,
(Ou memorizadas)
Quiçá, recitadas
Depois, esquecidas.


Tudo por aí,
Nos cantos da vida,
No vento, nas folhas,
No céu escarlate
Nas bolhas dos dedos,
Saudades e medos,
Palavras guardadas
Canções escondidas
Canções propagadas
E logo varridas
Sem deixar pegadas.


Tudo por aí,
No que não se viu,
No que não se leu,
No que não se ouviu,
No que foi calado,
Vendido ou roubado,
No fel do egoísmo
No que foi cobrado
E prostituído
Sem dó nem piedade
Jogado no abismo.


Tudo por aí,
Cantar desabrido,
A alma doída,
O corpo moído,
Os dedos crispados,
Os sonhos roubados,
Poemas feridos
Quem sabe, abortados
Nascidos à fórceps
Do ventre arrancados
Num canto sofrido.


E tudo é jogado
Em cima da estante,
Por traças comido,
Queimado, sumido,
Morto e enterrado...
Nada sobrevive
Por mais que um suspiro
Num mundo tão raso,
Num frasco fechado
Rótulos puídos
Pela eternidade




Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 13/11/2015
Reeditado em 13/11/2015
Código do texto: T5447528
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