Chuva de novembro

Perdeu-se o olhar em meio a chuva de novembro

No cair da tarde, o lamento do tempo ciumento

Esbravejando adormecidos impropérios, lembro

Vozes alteradas ao vento, entre grades e cimento

Vai compondo poesia, vendo a chuva fina caindo

O tapete cinza no céu, sombras das tempestades

Lágrimas quietas, espreitando o medo, que rindo

Desponta no horizonte sonhos de ilusão e realidade

Doces tormentos, tragados pela vida, taças de vidro

E vinho tinto, brinde em pequenas fagulhas ensolaradas

Poemas escondidos, mais nada, ainda que tenha crido

Rendeu-se ao olhar e a chuva fria banhou as calçadas...