Olores uivantes
Olores uivantes
Então uma força invisível desceu e emergiu
O mar se abriu em duas partes azuis
Ninguém atravessou para a outra margem
O desejo se instalou pedinte, urgente e eternizado
Não houve prazer, não ocorreu o escoamento
Permanece o olor do fato que não foi consumado
Rasga os véus do templo a fúria do querer insaciado
O punhal rasgou e a alma escapuliu pelos ares
Permaneceu um vazio repleto de dores incuráveis
Aconteceu o sempre, o eterno se enraizou e domou
O sujeito, sem predicados, baila agora no etéreo
Não há perguntas a serem feitas e nem respostas
Há uma aceitação tão passiva que é inacreditável
Não está no altar daquele espírito vivo o ser amado
O amor chora a ausência do ser que agora é centelha
O amor se multiplica sem cessar e toma conta de tudo
A profecia não foi cumprida; ela jamais foi profetizada
Perdeu-se no tempo dos milênios um fim inesperado
O que resta é escasso, é necessário que faça tudo que possa