COMO CARNE CRUA

COMO CARNE CRUA

Andas ancorado à minha cintura

Como um barco que se apega ao mar

Eu velejo como que se o silêncio

Me dissesse tudo o que sei

Vivi entre as ansiedades mais profundas

Na sede intensa, de um suor quente

Da fome súbita, consumida por luas

Devasto os sentidos através dos dedos

Segurando a cruz do teu amado corpo

Velejo nas sombras da nudez do oceano

Como carne crua onde nos amarrámos

A nós mesmos, no convés do nosso navio

Entre a escravidão do nosso salgado beijo

Somos fome, somos desejo, cegos de nós

Com a verdade nos olhos de quem vê com fé.

Isabel Morais Ribeiro Fonseca

Isabel Fonseca
Enviado por Isabel Fonseca em 03/11/2015
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