Soneto à fé

Enquanto deus jaz no ímpeto ventre dos céus

E nós apenas nascemos para de vida, morrer

Há quem morra para o ser póstumo viver

Na terra do santo que nos faz de réus.

Condenado por um crime não cometido, reluto

Enquanto sofrem por um deus já há muito morto

Que de tamanha Graça justifica o mártir d'outro

Mas que do abismo não salvará o próprio fruto.

Acredito eu deus: cada árvore que balança ao vento

A criança que descansa em meu peito seus suspiro lento

O rosto de pessoas que a mim se tornarão lembrança.

Mas antes um deus morto, a se crer em um que frente a dor

Esconde-se no leito do céu distante, longe da súplica e do amor

de olhos que, cansados, rogam a uma falsa esperança.

Daniel Reis
Enviado por Daniel Reis em 30/10/2015
Reeditado em 11/11/2015
Código do texto: T5431978
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