CUMPRINDO A PENA

Os valores são sagrados

Pra quem define o pecado

Decide pra onde corre o rio

Discordâncias antes da sua importância

Apenas incomodam o rei

Mas, os entes de vossa excelência

Abusam, desdizem, sem preocupação

E aos que não tem sangue azul

nem fequentam esta realeza

num momento de pouca atenção

Cometem leviana incerteza

Recebem pesada condenação

Preso, mais um, cumpre pena

Puxa trancada cadeia

Aos condenados de perpétua prisão

Antes fosse uma paga capital

Melhor seria uma sentença de magistrado

Que segue comando advogado

Mas isso não

Amontoam as espúrias

Em celas escuras

Sem direito à luz do dia e da lua

O tempo somente, sempre o tempo

Pra curar, ou quem sabe lhe perdoar

Melhor ainda ficando por lá

somente pra se esquecer

Pois mesmo que se configure

Uma causa injusta

Melhor deixar como está

O preso não mais se acostuma

Ao sabor da comida caseira

A deitar-se em cama macia, almofadas de pluma

Sentirá a falta do açoite

E da ameaça do cão feroz

Assim, se pena, já está cumprindo

Submeta-se às insandices do seu algoz

Quando se seguem estas premissas

Presos, não têm mais direitos

Mas, simples mortais, que se cuidem

Pois quem não é parte da missa

Soltos, também, esses direitos não têm