Antropo(ilógico)

Antropo(ilógico)

Não há fuga pra nossa gênese:

Somos nós, maus primatas,

de um hemisfério sapiens,

e d'outro tão bestial;

no coração o mal latente,

de ideias e ações excludentes.

Há, em nós, o primitivismo

engrenado ao instintivo;

um exclusivo animal

d'um cromossômico egoísmo

que nos concebe à emoção.

Nem em tudo existe a razão...

Em cada mente, uma sentença,

mil crenças, mil inferências,

delírios, artifícios patentes;

correntes de incredulidades,

mentiras, verdades e milhões de arcanos...

A irracionalidade é atávica

e é peculiar de todo ser humano;

ela vem fundada nas feitas movidas

pelos sentimentos de ódio e/ou de amor.

Com todo ardor e furor,

é assim que nós nos rendemos

aos despudores e vícios;

marchamos cegos ao abismo

sem dar ouvidos ao que é audível

com o barulho das paixões.

Das execrações,

por profanos predicados

somos irracionais:

por cultuarmos o pecado

por perpetramos a loucura,

por fazemos insanas juras...

Plurais e individuais

o (i)lógico eficaz se faz

quando nós nutrimos a alma

à luz das razões carnais.