TALVEZ
Talvez a origem de tanta melancolia que verte como rio em dias de chuva,
Seja da nudez que se carrega desde o ventre materno,
No centro de um lugar chamado amor, mas ao mesmo tempo meses de solidão,
E todas as reviravoltas da vida são feitas sozinhas, nascer e morrer,
Talvez o anseio de uma companhia neste intervalo, a vida,
Seja da carência de uma presença que se fez ausente no início e fim,
Incontáveis estrelas espalhadas no infinito são reflexos das incertezas,
Das coisas que foram, daquelas que são, e de outras que virão,
Talvez o amanhã não chegue, o ontem não nos abandone, e o agora se perca,
Talvez o medo do escuro seja para disfarçar o temor de fracassar no que realmente importa,
E arriscar é a única certeza que nos resta, uma arma sem mira, e apenas uma bala para o alvo acertar.