Paradoxo de mim

Não queria que te tornasses meu mundo,

Que me ofuscasses e transformasses em meu tudo,

Desalinhando a fonte da razão que eu tanto bebia.

Tu chegaste sem eu esperar, tão estranho a mim,

Solidificando infinitos e compactos labirintos

Que antes só existiam breves e silenciosos,

E agora desfilam persistentemente no meu caminho.

Como uma fina chuva chegaste de mansinho,

Penetrando o solo compactado de meu peito,

Um espaço tão meu que resiste a amoldar-se ao modo teu,

Talvez o medo de perder a referência do que sempre fui.

Lutar por ganhar-te é perder-me.

Renunciar-te é privar-me de um querer intenso.

Eterno conflito que divide meu ser

Numa constante e dolorosa dúvida.