O homem que não sabia ler
Há um tempo bem distante
Conheci um homem
O homem que não sabia ler,
Quando sentei-me ao seu lado
Vi a doce face de sua vida
Não sabia ler, mas escrevia
Era o maior escritor que nesta terra existia,
Cada frase que formava
Era um som de melodia,
Seu coração espelhava doçura e harmonia,
Era o homem que não sabia ler
Mas, que tudo escrevia...
Bastava dizer o necessário
Que sua alma crescia
Eram versos não pensados
Sonhos concretizados, vidas e vidas vividas
Tudo tão completo e tão perfeito
Que qualquer escritor entendia
O que um homem que não sabia ler
Belas coisas escrevia,
Falava de sua amada, da distância que os rompia
Do pai que nunca deixava mostrar o rosto daquela Judia,
Ele não sabia ler
Mas acreditava na beleza, com uma performance de ironia,
O rosto da mulher que amava
Este homem descrevia
Com palavras sutis e bem empregadas
Chorava a sorte que perdia
Mas o homem que não sabia ler
Me ensinou como se escrevia
Bastava conhecer a alma
Decifrá-la dia após dia...
Era o homem mais sereno
Que esta terra escondia
O homem que não sabia ler
E a vida escrevia...