PARTIR
Guida Linhares
E lá vou eu, no meio destas árvores,
passo a passo. Uma sombra me acompanha...
a sombra de mim mesma,
de tudo que fui enquanto aqui estive!
Olho para a frente e vejo o horizonte.
Uma linha brilhante em que meu olhar se perde,
e nele o tempo mostra tantas coisas,
vividas com toda a plenitude!
Olho para cima e vejo o azul do céu.
Ah! como é maravilhoso se perder na imensidão
e sentir que a vida não foi passada em brancas nuvens!
Amanheci e anoiteci sempre com muito amor.
Porisso não temo a minha sombra.
Ela é de mim a dualidade que conheci
e que me fez trafegar por esquinas e paralelas,
sorvendo o gosto de cada pedaçinho de chão.
Deixo aqui meus tesouros valiosos,
aqueles a quem amei e me entreguei
de corpo e alma, moldando na argila
a bondade, a alegria e a tolerância na vida.
Missão cumprida, uma força me chama,
e nela me embrenho com humildade e fé.
Tive filhos, plantei árvores, cultivei flores.
Vou feliz...escrevi versos e morri por amores.
Santos/SP - 25/06/07
***
Participação no quarteto sobre o tema "Partir" com as queridas amigas poetisas santistas Gui Oliva e Tere Penhabe, e a brasiliense Margareth Pelicano
1)
Partir
Gui Oliva
Partir é conjugação do relativo,
se for consultar o dicionário
vai-se constatar...verbo transitivo,
mas não estanca aí seu ideário.
Pode ser conjugado intransitivo,
por-se na estrada de qualquer jeito
desviar do caminho impositivo,
repartir a dor do que foi feito.
Partir é um ausentar-se pensativo,
evitando quebrar-se em despedida,
quando ele parte para ser reflexivo,
a distribuir-se no curso de uma vida.
Assim conjugado tão completo,
despedaça o verso e, em seu reverso,
consuma a substância da partida,
sem abalar-se com o errado ou o correto
substantiva ele, então, o adverso,
dividindo o adeus n´alma repartida.
Santos/SP 23/06/07
***
2)
Partir?
Tere Penhabe
Vamos deixar de lado o dicionário
pensar em partir, seu resultado
nem sempre feliz, nem sempre agradável
mas quando acontece... inevitável!
Partimos tantas vezes nessa vida...
dos amigos, escolas, nossa rua preferida
...da minha casinha branca tão querida!
É sempre tão triste, qualquer despedida...
E partimos, aqui e ali, sempre partindo
levando saudade, deixando também
que sempre deixamos pelo menos alguém
que sente a nossa falta, nos quer bem...
E de repente partir... ainda é verbo
mas intransitivo, porquanto necessário
partimos e ponto. Porque a hora chegou
tão simples e tão doído, se for o fim de um amor...
Santos, 23.06.2007
www.amoremversoeprosa.com
***
3)
PARTIR
Margaret Pelicano
E de repente partiu para não mais voltar!
Deixou uma lacuna, um vazio, um lugar,
onde nada consegue ficar, nem um outro amor!
Ficou ali, uma plantinha ressequida, dor...
Partiu, e trincou meu coração,
tão isolado, cuja música é só tristeza,
um trono sem realeza, um rio sem correnteza,
lento, cansado, quase parando!
Estacas ferindo o peito como vampiros
apaixonados; e a voz saia soluçando, sem sentido,
a alma penando, trôpega como bêbado
que ao cair da noite, sabe que pode vir a lucidez!
E aí sim, o cérebro reclama a sensatez,
e vem outro dia, onde a fortaleza assim se fez!
Brasília - 23/06/2007
***
Guida Linhares
E lá vou eu, no meio destas árvores,
passo a passo. Uma sombra me acompanha...
a sombra de mim mesma,
de tudo que fui enquanto aqui estive!
Olho para a frente e vejo o horizonte.
Uma linha brilhante em que meu olhar se perde,
e nele o tempo mostra tantas coisas,
vividas com toda a plenitude!
Olho para cima e vejo o azul do céu.
Ah! como é maravilhoso se perder na imensidão
e sentir que a vida não foi passada em brancas nuvens!
Amanheci e anoiteci sempre com muito amor.
Porisso não temo a minha sombra.
Ela é de mim a dualidade que conheci
e que me fez trafegar por esquinas e paralelas,
sorvendo o gosto de cada pedaçinho de chão.
Deixo aqui meus tesouros valiosos,
aqueles a quem amei e me entreguei
de corpo e alma, moldando na argila
a bondade, a alegria e a tolerância na vida.
Missão cumprida, uma força me chama,
e nela me embrenho com humildade e fé.
Tive filhos, plantei árvores, cultivei flores.
Vou feliz...escrevi versos e morri por amores.
Santos/SP - 25/06/07
***
Participação no quarteto sobre o tema "Partir" com as queridas amigas poetisas santistas Gui Oliva e Tere Penhabe, e a brasiliense Margareth Pelicano
1)
Partir
Gui Oliva
Partir é conjugação do relativo,
se for consultar o dicionário
vai-se constatar...verbo transitivo,
mas não estanca aí seu ideário.
Pode ser conjugado intransitivo,
por-se na estrada de qualquer jeito
desviar do caminho impositivo,
repartir a dor do que foi feito.
Partir é um ausentar-se pensativo,
evitando quebrar-se em despedida,
quando ele parte para ser reflexivo,
a distribuir-se no curso de uma vida.
Assim conjugado tão completo,
despedaça o verso e, em seu reverso,
consuma a substância da partida,
sem abalar-se com o errado ou o correto
substantiva ele, então, o adverso,
dividindo o adeus n´alma repartida.
Santos/SP 23/06/07
***
2)
Partir?
Tere Penhabe
Vamos deixar de lado o dicionário
pensar em partir, seu resultado
nem sempre feliz, nem sempre agradável
mas quando acontece... inevitável!
Partimos tantas vezes nessa vida...
dos amigos, escolas, nossa rua preferida
...da minha casinha branca tão querida!
É sempre tão triste, qualquer despedida...
E partimos, aqui e ali, sempre partindo
levando saudade, deixando também
que sempre deixamos pelo menos alguém
que sente a nossa falta, nos quer bem...
E de repente partir... ainda é verbo
mas intransitivo, porquanto necessário
partimos e ponto. Porque a hora chegou
tão simples e tão doído, se for o fim de um amor...
Santos, 23.06.2007
www.amoremversoeprosa.com
***
3)
PARTIR
Margaret Pelicano
E de repente partiu para não mais voltar!
Deixou uma lacuna, um vazio, um lugar,
onde nada consegue ficar, nem um outro amor!
Ficou ali, uma plantinha ressequida, dor...
Partiu, e trincou meu coração,
tão isolado, cuja música é só tristeza,
um trono sem realeza, um rio sem correnteza,
lento, cansado, quase parando!
Estacas ferindo o peito como vampiros
apaixonados; e a voz saia soluçando, sem sentido,
a alma penando, trôpega como bêbado
que ao cair da noite, sabe que pode vir a lucidez!
E aí sim, o cérebro reclama a sensatez,
e vem outro dia, onde a fortaleza assim se fez!
Brasília - 23/06/2007
***