A Madeira
Todos os dias quando saio para trabalhar
Encontro-as em meu caminho
Seguem tal cortejo fúnebre
Tão lúgubre quanto será sem elas nosso destino
Não sei como pode ter tantas todo dia
Se muitos avisam que devemos preservar.
Contudo o semblante do motorista sequer esfria
Na hora das notas apresentar
E elas continuam seguindo, raízes ficando
Em nosso porto vão embarcar
Sua partida a poucos vai enricando
Enquanto nossas terras ficam a murchar
Mas isto não tem importância
Para o gado tem muito pasto
Pra plantar soja imenso campo
O resto dos bichos; que vá para outro canto.
Importa aos poderosos o que está acontecendo?
Não é o pulmão deles que se está desfolhando
Importante é ver os dígitos da conta crescendo
Ainda tem muito verde, o mundo não está acabando.
São esses os pensamentos que tenho
Enquanto vejo as toras de madeira a esperar
Mas logo que passo das docas elas ficam para trás
Tenho minha vida para me preocupar.
E infelizmente para nossa mata
A maioria de nós pensa assim
Do seu verde e seus habitantes nem sentimos falta
A geração futura é que sofrerá com seu fim.