Novelo de lã
Saudade é um novelo que as mãos vão enrolando
E que a gatinha manhosa brinca todas as manhãs
O tempo numa cadeira de balanço vai descansado
Olhando displicente, vai colhendo maduras romãs
Na brincadeira incansável, bola de pelos tão fofos
Mistura-se nas lãs, e o olhar verde, todo esperto
Mira cada canto e se esquivando de antigos mofos
Desliza pelo piso frio, cheirando cera a cada metro
O tempo então olha com mais atenção a brincadeira
Desperta com emoção, acarinha os pelos da gatinha
Que ronrona pedindo bis, pula no assento da cadeira
E o tempo guarda a saudade, busca leite na cozinha.