O quase
Ainda pior que a convicção do não
e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece,
que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda
estuda, quem quase morreu ainda está vivo, quem quase amou não amou.Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos,
nas chances que se perderam por medo, nas idéias que nunca
sairãm do papel por medo de novo, medo de dar errado.
Pergunto-me as vezes o que nos faz escolher uma
vida morna, não me pergunto, contesto.
As respostas sei de có, estão estampadas
na distãncia e frieza dos sorrisos, na froxidão dos abraços, na
indiferença dos ´Bom dia`, quase que sussurisos.Sobra covardia e
falta coragem até para ser feliz.A paixão queima, o amor
enlouquece o desejo trai.Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre alegria e a dor, sentir o nada, mas não em vão.Se a virtu-
de estivesse em meio termo, o mar não teria ondas, as idéias se-
riam nublado e o arco-íris seria em tons de cinza.O nada
não ilumina, não inspira, não aflinge, nem acalma,
mas amplia o vazio que cada um traz dentro de se.