COISA DE POETA
Pela janela do quarto
Uma chuva intermitente cai.
Triste, fria, como lágrimas
De um poeta desesperado
Pela angustia da poesia
Que não lhe quer aparecer.
Será a mesma dor de um infarto
Um verso que não sai?
Não há concordâncias nem rimas.
Sente-se fracassado.
Pensamentos formam uma dor que asfixia.
Nada consegue escrever.
Rabiscando seus sentimentos.
Rebuscando histórias.
Uma inspiração que não aparece.
É como rolar na cama
Esperando o sono que não vem.
Só pensamentos.
Um flash de memória.
Uma música, um carro que a rua desce,
Estimula a sua chama
E a poesia lhe faz refém.
Uma avalanche de sensações o domina.
O poeta então se anima com tantas emoções
E põe as palavas, sensivelmente corretas,
Coisas que só entenderá quem tiver uma alma aberta.