Nada a dever

Nada a dever

I

A melhor fase da vida é quando ela acontece;

é quando os sonhos já não são tão importantes

quanto as realizações.

Não me arrependo do ontem que vivi,

dos riscos, dos cortes, das provocações,

das desobediências pra ser quem eu sou;

das pedras atiradas aos dias que morri.

Não criei zinabre por faltas ou omissão...

Hoje tenho a ar e esse é o meu quinhão;

e do que eu não fiz respondo em liberdade.

II

E ainda devo, mas é a nada dever

e/ou muitas vezes ceder;

e/ou noutras me objetar,

dar ouvidos ao coração

e embargos dar à razão;

e devo não maquiar a vida

para que a minha mente não se torne enferma,

pois co'a alma sem saúde

mata-me, aos poucos, o físico

minando a minha consciência...

III

Ao voo indômito com tal insanidade,

é paradoxal essa rebeldia,

que se converte em razão

— e a esta é que não se castra —,

conduz-me por caminhos estreitos;

desfaz n'alma tod'os nós...

e aos pousos com sensatez

me trazem eficazes respostas

com a construção de verdades

e mesmo que hajam os trancos,

há o contentamento em ser.

E se há o regozijo em ser

é tudo que a mim importa;

ser humilde a polir o meu espelho

e a ser obediente à minha rebeldia,

ter minhas vontades como guia,

devendo nada dever.

BetoAcioli
Enviado por BetoAcioli em 04/09/2015
Reeditado em 06/09/2015
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