Você Nunca Está Sozinho
Presenças não ligam
Que teus olhos feche
Que exile tua íris
Que feche as cortinas
Sempre haverão
Sussurros inaudíveis a dizer
“Você nunca está sozinho.”
Isto amaina seu coração?
A natureza o impele
Porém, tão galante
Não faz mais que
Fluir indistinta
E então ressurge
“Demandam anima, os silvos
E bruta força, nas verdes folhas
Falta, de certo, o mundo a explodir
Para a completude de tal solitude?”
E os sussurros, agora berrando
“Que partam os lagos
Que caiam as nuvens
Que nosso sol rubro ateie os lares
Ainda sim, sem a onipresença da plenitude
Óh, insolente, não se completará sua solicitude!”
“E não haverá divindade patavina
Que me impeça de bradar a todo ser
Que por mais que se desgarre da vivência
Jamais irá conter insurreições de sua essência!”
“Você nunca está sozinho
O seu ardor possui o que é brando
E sua serenidade, aquilo que apraz
Você nunca está sozinho
A sua compaixão possui sua bravura
E o ímpeto jovem, o temor que o acerca
Você nunca está sozinho
Suas perspectivas possuem os vestígios
Vestidos em disfarces de um turvo futuro
Você nunca está sozinho
Suas aspirações habitam junto a instigação
Que alimenta sua arte e sua inspiração
Teus sentidos, a sensibilidade
Tuas carícias, a delicadeza
Tuas promessas, Os anos que as provam
Teus instintos, as curvas que descrevem
Teus valores, o trajeto que os molda
Tuas lembranças, as cinzas que te pedem
Teu aguardo, o imaginário que o pacienta
Teu espírito, e o meu que o romanceia
E a voz se esvanece
Sem que eu a dissesse
Que eu nunca estou sozinho.