Teorema da Dor
Instigante, como uma pegada que te leva para o lado errado. Profundo, como o mais alto dos precipícios. Intenso, como um ótimo riff no meio de uma tempestade. Perfeito, como um café muito forte numa madrugada desprezível.
Nada de Leis da Física ou da vida, jogar-se nesse abismo é nunca cair, mesmo estando em queda livre. Incompreensível, talvez; mas imagino que essa peculiaridade seja um ponto primordial.
Receio que seja difícil imaginar, mas se pensar no sabor do melhor vinho que já tomou, na tempestade mais deslumbrante, no mais lindo dia nublado com deliciosos toques de melancolia, talvez assim possa ser visualizada tamanha beleza (que nem todos conseguem contemplar).
Diferente, exuberante, inusitado... Não consigo pensar em uma definição que não pareça vã perto de tamanha complexidade.
Por mais curiosidade que eu possa sentir, não ouso me aproximar demais. É uma beleza comparável ao fogo. Dou-me o prazer de observar, até que o calor das chamas me consuma e eu não aguente mais, e me force a me afastar novamente, até que eu possa voltar.