MEU JULGAMENTO
Estava tudo acabado
Eu retornava ao pó
De tanto ter demorado
Já me sentia só.
Pararam em minha frente
Olhares a se cruzar
Senti minha essência dormente
Aquela cena para torturar.
Um paradoxo de poder
Entre o bem e o mal
Deus a me querer
E o diabo a me cobiçar.
Deus dizia “ele é meu!”.
O diabo “ele me pertence!”
Uma luta pelo meu Eu
Num plano transcendente.
– Ele viveu na orgia
Na flor de sua mocidade
Apaixonado pela boêmia
Esqueceu da tempestade.
Assim dizia o diabo
Querendo me condenar
Como que um tesouro
Para sua casa levar.
– Ele é o meu filho perdido
Amou todos os seus irmãos
Dizia Deus decidido
A me dar sua redenção.
De um lado amaldiçoado
Meu ego a se debater
De outro lado abençoado
Emoção contida no meu ser.
Assim a disputa permaneceu
Decidiram-se por meios de gestos
A minha alma ficou com Deus
E o Diabo levou o resto.
(Publicado na Obra ECOS DO CAOS)