O Muro
Posso sentir a minha frente
Com a ponta de meus dedos
A barreira que separa
A morte da vida.
Não consigo enxergar
Não consigo me mover
Acelerando o coração
Preso entre o muro e a escuridão.
E aos gritos me entrego
Aos gritos do silêncio que me assustam.
Posso sentir a minha frente
Com o palpitar das ondas
Há alguém do outro lado
O lado oposto ao desta morte.
Meu coração agora se acalma
Ainda preso mas em pensamentos
O silêncio vai embora
E a doce voz agora ouço.
Que apenas este muro separa
Nossa morte dessa vida.
As correntes das neblinas
Do inferno que cativa
A alma viva da criança
Consumida pela luta.
Do muro que ao chão cairá
Aos punhos do desejo
Da fuga da morte certa.
Posso sentir pela ultima vez
Com os lábios desta vida
O ultimo tijolo ao chão cair
A luz desta vida aos meus olhos.
Não ofusca a verdade
De que agora não há mais
Aquilo que certamente
A morte iria me levar.