Fracasso
Ímpeto !
Eis o que tenho, indescritível
Na aurora que não se adormece
Estremece, se esquece
Num quase instinto
Mas o que faço aqui, se não sei
Versejar?
Entre narizes fétidos,
Essa repugnância
O cheiro vem de fora, vem de dentro?
De onde vem o terrível rastro tépido
Dessa minha instância ?
Desentendimento !
Os narizes nada mais fazem
Senão farejar
E vai o dia, e fica a noite
E volta o chicote, estala, desperta!
Se aquieta...
Volta o gemido do açoite
Meu Deus, perdoa meu coração coitado
Jogado e surrado
Pois desperdiço a noite
Imaculada
Sem saber versejar
E tudo o que tenho é senão o que ofereço
Num mísero desprezo
O mundo é mundo pois assim deve ser
Portanto, é o que mereço
O pouco que é bastante,
Um respirar ofegante
Pensando ser o desespero,
Tráfico negreiro, costumeiro - vida
Acostumo -me
Pensado viver
Mas no dia, a vida vadia...
É tempo de se enganar!
Eu rasgo meus trapos
Eu bato os sapatos
Eu entro nas casas sem pedir licença
O dia impede meu versejar
E jogo os pratos,
E desfaço -lhes as crenças
Pois fui polida, e embora rasgasse -lhes as páginas
Não lidas
Não deixei de bater os sapatos, antes de entrar
E desfaço com vorazes olhos a esperança
Dedico meus dias em longas andanças
Matando de espasmos
A vida desse meu lugar
Que são pois, inocência, asnos
Decência
Que em minha arbitrária proeminência,
Ignoro
E por isso não sei versejar