Fênix
Que sou eu?
Boa pergunta, para qualquer amante de respostas tolas.
E contenta-se com clichês demasiado melodramáticos.
Não me cabe convencer-lhes de minha demência intelectual.
Nem me reter ao cárcere de minhas inquietações.
Não me venha com demagogia, moralismos banais.
Para mim, sirva apenas uma dose amarga de teu desprezo.
Não preciso da arrogância de julgamentos egoístas
Sou o que sinto, e sinto exatamente como sou.
Não me venha fazer promessas, não acredito mais
No mundo encantado pincelado por ilusões sentimentais
Tenho os pés firmes nos propósitos que me estimulam
Já não esperam sob a linha de chegada.
E da torre mais alta dessa praça vazia
Posso ver a multidão de suspiros silenciosos vagando
Por entre a poeira.
Esmagando olhares tortos que me espreitam
E mudei como por um encanto tudo o que sou.
E ouço...
- Quem sois moça de cabelos longos e sonhos fartos?
Que beleza esconde em teu sorriso?
Derrama-te em meus braços, não tenha medo.
Eu só quero lhe fazer feliz.
E quem não acredita em castelos se desmorona
E quem conhece o limite de tua própria força, chora
E quem está só, aceita.
Não quero dizer quem sou.
Basta-me as indagações que não sinto
Nem tento.
Aceita-me assim, e selemos num ósculo o eterno.
27/10/06