Satélite

Era criança quando ganhei um foguete,

imaginava viagens espaciais intergalácticas,

sonhava dobrar as curvas dos planetas,

brincar nos anéis de saturno,

percorrer os oceanos de marte,

olhar a terra do alto,

ver o azul no horizonte,

virar um satélite em orbita permanente...

As recordações ficaram guardadas em um velho baú,

meus escritos de garoto num caderno amarelado,

meus desenhos de buracos negros amassados,

meu capacete de astronauta não tem mais visor,

mesmo assim sorrio desses momentos desaparecidos,

ausentes do presente, mas presentes nas memórias,

quantos desejos viram retratos num álbum?

quantos sorrisos cristalizam no passar do tempo?

Hoje sou um adulto de poesias virtuais,

um homem de sentimentos fugidios,

um aprendiz diletante da vida,

enfrentando meus dilemas à cada esquina,

aprendendo a seguir em frente depois das quedas,

abrigando alguma esperança em minha alma,

esperando ver uma estrela cadente em uma noite escura,

fechar os olhos e me tornar o satélite de planetas desconhecidos...