SEM ESCONDER DO SOL
Será que a borboleta sabe quem ou que é?
É claro!
É tudo que há.
É chama de meu jardim, amor puro, sem tristezas...
Será que estou sóbria com olhar para a vida?
Quem sabe sou só poetisa rebelde que nega o sofrer e invade as letras?
Papai dizia sorrindo docemente: -Menina bonita!
Devolvia-lhe o sorriso; ele que tinha olhos como as matas verdejantes de doçura absurda!!!
Partiu tão cedo.....
Quantas saudades!
Sempre dói a verdade.
Afogo-me em gotas de poesia, choro pelas escrivaninhas, parece até que vivo espetada por agulhas, mas não é bem assim.
É que sinto demais!
Sinto porque procuro alento nas letras de todos vocês e sou capaz de chorar.....ainda bem, penso.
Nasci ribeirinha (Rio Paranaíba) cheia de amor, mesa vazia e a força da música e da poesia arrastaram-me naturalmente.
Quando solidão e fome batiam, cantava e escrevia.
Quando goteira na cabeça pingava, e lenha escasseava, cantava, escrevia, inventava palcos nos fundos do quintal, declamava, e assim nunca estava ali pela metade, sempre inteira.
Mamãe não admitia aqueles "absurdos" de menina de 8 querendo ficar acordada depois das 8, o querosene era caro, precisava deitar.
Cheia daquela procissão de sonhos, nunca dormia, rolava no colchão de capim, louca que o Sol viesse e acabasse o martírio.
Hoje meus passos são sossegados.
Ainda canto, gosto, preciso, o palco não me intimida.
Quantas cruzes e algozes!
Quantos saltos!
Sobrevivi.
Choro suavemente....
Posso agora, sei que posso.
Minha dor não é nadica de nada.
Estou na curva do caminho, reconheço-o.
Quem bate em minha porta abro.
E a borboleta deixou suas asas pelo chão com o vento levantando-as agora como se fosse o dono ......
Sinto que estou em construção.
Às vezes uma aranha tecedeira enrolada nos fios,, outras vezes trago nas mãos punhado de letras como essas que derramo aqui como areias e nada mais......ainda em construção estou, bem devagar, no ritmo das cores sem nunca me esconder do SOL!
Gratidão sempre!!!!