É CEDO AINDA...
Inspirada na obra do grão mestre poeta Tony Bahia
"Relógio biológico"
Brilha em plenilúnio a lua.
O dia adormecido...
Coberto pela bruma fria.
Eu vou indo...
Ouvindo o silêncio que grita
Nesta solidão consentida.
Minh’alma não se cala!
Vestida na ousadia de sonhos
Distraindo meu pensamento
Acordando minhas esperanças.
Encorajando meus anseios.
Faço planos... Reflito sobre a vida.
Encaro os meus medos, receios, devaneios.
Os fantasmas que me acompanham...
São meus amigos! Deus está comigo!
No canto do Bem-te-vi... No assobio do Sabia,
A serenata de euforia.
Um tímido raio de sol,
Rompendo as nuvens molhadas.
E gaivotas em perfeita coreografia
O perfume da terra molhada,
Da rosa e do jasmim no jardim.
A copa da árvore florida.
Tudo é sublime sagrado!
Escuto meus passos leves
Na calçada molhada.
Respiro a brisa encharcando-me de vida.
A fumaça do meu hálito quente.
Na fria madrugada, o coração vibrando...
O dia está nascendo a lua se despedindo
Eu vou seguindo...
Lembranças, recordações sequestram-me.
Laços de afeto tecidos, encontros, despedidas.
Abraçam enlaçam-me de ternura e nostalgia.
A saudade feito tocha acessa!
E nesse instante uma lágrima se insinua.
Sinto-me nua por um momento perco-me de mim.
Então minh’alma grita!
É cedo ainda...
Sinto meus pés pisando o chão
Ruflo-me de coragem, animo e determinação.
Eu vou seguindo...
Às vezes cinza noutras azul como as nuvens.