AINDA PESCO SONHOS D'OUTRORA
viver e arrecadar
arrecadar e viver
guardar o que
tem sabor para amar
descartar
a ponta aguda
do amargor
quando escarpas amoladas
abriram fissuras
vincando a face
pra revelar-se
mapa de andanças
também as rodas
dos triciclos
deixaram marcas
do alvor da infância.
no céu d' agora
já não há peixes azuis
como no mar
muitas estrelas boiam afogadas
e eu na praia
perdi o chapéu
para o tempo...
mas insisto
lançando linhas
sem anzóis nas águas
das ilusões
pra não ferir
os sonhos e anseios
d' outrora.