Confronto de Dândis

Confronto dos dândis

E quem sou eu para mudar o destino?

O trecho que me cabe é pouco

Um palmo medido para meu alento

E um pequeno trono de sustento

Para não viver á lastimar.

O que me trazes aos olhos é facto

Um pacto medo e dor

E em êxtase e torpor me enfrento

Frente a frente no espelho

Vendo-me assim tão frágil e destoante

Infante sem trono, sem rei, sem lei

Numa terra de pecados e luxúria.

E você, quem és, reflexo de mim mesma?

Com a sentença de um juiz supremo sem causa

Com a vida a trazer a morte á galope

Num tribunal sem juiz

Numa sentença sem réu.

O que fazes de mim oh pérfida?

Porque preparas a insídia sem piedade?

Aqui estou eu a sorrir com lábios molhados

De lágrimas secas que despencam sem pudor

A sorrir sem alegria, sem força, sem sonhos

E viver uma mentira com tantas faces.

E do outro lado está ela, a “corajosa”

A guerreira sem troféus, sem heróides

A atriz sem temores, que enfrenta o mundo

Como um vagabundo sem pressa de viver

Que canta a vida com versos leves

A Doce melodia de quem conhece a felicidade

E a reconhece nos instantes solitários

Uma felicidade tão insana, sem razões.

Uma mulher, um dedo, uma página virada

Um sonho em cada soneto

E um sereno devaneio quase improvável

Um lamento quase inócuo, sem a malícia da realidade

Com a cara no mundo, e o mundo nos olhos

Como a infância a denunciar meus medos

No compasso de uma dança sem canção.

Olhos borrados e lábios rubros

Insinuante decote e um doce balonê

Voz serena e um grito quase desesperador

Uma imagem distorcida do que eu sei

Ou não sei se sou.

Uma mão, uma porta, o Adeus

E, refeita, acordo com ligeira preguiça

E imenso amor para recomeçar.

08/01/07

Isis
Enviado por Isis em 17/06/2007
Código do texto: T530351