Eu, papel carbono.

Meus poemas são retratos

Neles há sempre um alguém

Uma causa, um efeito colateral

Há sempre um sentimento transbordado

Algumas palavras não ditas, alguns verbos assassinados

há sempre alguns sonhos roubados

Alguns desejos impróprios

Meus poemas são como espelhos

Neles está minha face, minha identidade

Sou como papel carbono

Deixo minhas marcas neles

Há sempre fatos transformados

poetizados, metamorfoseados

Meus poemas não são meros acasos