Execute Pensar

Me disseram primeiramente, obedeça

E a forma imperativa do verbo me dominou

Daí disseram, goste

E então gostei

Disseram, acredite

Acreditei

Sugeriram, diga

Disse

Mandaram, faça

E fiz

Venderam, compre

Comprei

Certo dia disseram, cresça

Disseram, siga

Disseram, olhe

Disseram, pare

Usei então meus conhecimentos prévios – algo um tanto rebelde – e respondi ao “execute”

Começaram a colocar negação antes da ordem

“não faça”; “não seja”; “não use”; “não ande”.

Confundi-me, mas executei com êxito

Até um dia – devo ter errado em algo – que gritaram

“PENSE”

como havia aprendido, obedeci

pensei,

e do pensar surgiram novos verbos e novos tempos.

Já não era apenas imperativo e passado perfeito.

Aprendi algo sensacional, a existência de presente e futuro.

O que mais me chocou e maravilhou foi que descobri na língua que me ensinaram desvalorizar, o significado de ser e de estar.

Hoje eles dizem que são vítimas.

Incrível a memória,

A caso esqueceram que cheguei até aqui

Porque apenas os obedeci?