Pasmo

Existem criaturas que os olhinhos brilham,

Descaradamente cintilam,

Diante de uma tragédia,

Muito mais do que em uma comédia.

Param o carro,

Para verem um braço decepado,

Estrago causado,

Por uma colisão automobilística frontal,

Fatal!

Descem de seus veículos para apanharem todos os detalhes,

Do triste entalhe,

Para depois ficarem repetindo à exaustão,

Para a população,

Com uma mórbida alegria no coração.

Mudam até o tom de voz,

Esquecendo completamente de seus próprios nós.

Relatam com um tal entusiasmo,

Que me deixa atônito e pasmo.

Ao final do relato, caem em si, e adotam um ar de tristeza,

Para disfarçarem o prazer de terem visto tal cena,

Mais falso que nota de três real.

Tudo isso, pra mim, é surreal.

Isso sim, é que é uma espiritual desertificação,

Ao qual a inconsciência está levando a população.

"Um velho ateu, um bêbado, cantor, Poeta"

https://www.youtube.com/watch?v=ay4Ir9nlXf8

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 15/06/2015
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