ENTRE O CÉU E OS DENTES

Fosse o planeta um colosso

Como um véu de marfim dourado

Porém, estamos no fundo do poço

D’um mundo intensamente pirado

Visivelmente, só corroemos o osso

Enquanto brilham satélites, cometas

Permanecemos às margens d'um fosso

Já bastante consumido pelas tretas

Entretanto, apesar de bem moço

Ainda que tão longe do fim

Meu silêncio já o compreendia

Com a ciência na ponta da língua

Asilado numa expressão de menino

A perceber entre o certo e o errado

Meus olhares eram assim resumidos

D'um simples projeto ao mais fino esboço

De tal modo... afins e precisos

Desnudados, e exclusivamente a sós

Sem remanejo ou frios sorrisos

Acastelados ou não, desatados os nós

Uma proeza a sombra d'uma sina

Por entre o céu e os dentes

Fosse do lado de dentro a retina

E do lado de fora, a poeira do chão!

Autor: Valter Pio dos Santos

09/Jun/2015

Valtin Kbça Dipoeta
Enviado por Valtin Kbça Dipoeta em 10/06/2015
Reeditado em 13/06/2015
Código do texto: T5272129
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