CEFALEIAS

Quando de uma manhã de Sábado,

Já marcada, antecipada a consulta,

Chega ele ao lugar, já sendo esperado,

Novamente tem uma conversa cabeçuda!

Falou dos sofridos momentos,

Do regular tormento encefálico,

Das horas que o segue, oprimindo,

Das noites em insônia no seu quarto!

Falou da comida mal acolhida,

Queimando-lhe do estômago à garganta,

Dos inúmeros pensamentos, da agonia,

E do zumbido intermitente na lembrança...

Diz que seus passos são leves e calmos,

E que quando sai para o trabalho analisa

A maioria dos semblantes, as fisionomias,

E diz que quase todos eles são falsos,

Que quando chega a noite sempre sai um pouco,

Senta em um bar, um restaurante... qualquer lugar!

E após todos os afetos ter de expulsar,

Observa a humanidade escorrer pelo esgoto!

E diz: do que me importa!?

São ligeiras as coisas que me atinge!

Os sentidos têm de serem brandos e analíticos!

O mundo vai de muito bem!

E quem quer mudá-lo sempre sofre desgostos!

Não há nada a ser transformado!

Apenas jogue bem suas partidas!

Pois próximo sábado teremos um novo encontro!