NÃO

Fugir do agora, do antes, da insensatez,
Da sombra instigante da loucura,
Fugir das rupturas, dos porquês,
Do dos contrapontos, da censura.

Fugir do desencanto,
Do pranto esquinado, silente,
Fugir dos danos, dos desenganos, tantos,
Dos nós indesatáveis, dos anseios frequentes.

Fugir da indelicadeza,
Da correnteza, do minuano,
Das rupturas que expõe minhas fraquezas,
Fugir dos olhares acusadores, tirano.

Fugir dos sussurros da saudade,
Da realidade insólita, da injusta pena,
Fugir do tom gris, dos perfis, da fugacidade,
Do meu retrato, do teatro que a vida encena.

Fugir das consequências, da permanência,
Da dor, da angústia de ser,
Do eu avesso, do alto preço, da turbulência,
Fugir do que eu não disse, do que há pra dizer.

Fugir sem deixar pegadas, nenhuma essência,
...Não posso; agir assim, é o mesmo que não viver.