PEDRAS SALIENTES
Atitudes contraditórias
Derrotas em formas de vitórias
Enquadramento do pensamento no ar
Um ar esquizofrênico em pura ilusão
E a razão dando o bote certeiro
No canteiro da emoção
Deixando-o com cara de tacho
Tão cabisbaixo
Olhando as estrelas,
Andando nas nuvens,
E tendo que pisar chão.
Cada atitude maluca em forma de pensamento
Que estraçalha o sentimento
Do ser que ainda tem pensamento
Do ser que ainda pensa que pensa
E sai sob os pés dos animais,
Após sua derrota no tribunal do amor.
Esquiva-se como quiabo
Rabo solto como o diabo
Solícito ao passado e ao presente
E desperta um futuro nebuloso como antes
E ainda prega cada uma
Na figura do gigante
Que o desmonta por inteiro,
Como fosse o seu amor primeiro.
Em cada esquina, uma saudade,
Em cada olhar, o gosto da felicidade,
Em cada ato, uma opinião diferente,
Em cada sorriso, um contentar descontente,
Em soluços pontiagudos
Que machucam muito a gente.
A sinuosidade de seu pensamento
O seu pensamento maravilhoso
Em teu corpo, uma parada obrigatória,
Em sorrisos e lágrimas contraditórias
Que deixam o pensamento maluco
Sem saber ao certo,
Qual é o caminho naquele deserto.
O arrepio pode ser sufocante
A dor é de ranger os dentes
Teu olhar ainda é provocante
E teu corpo é algo fascinante
Que mexe com a estrutura da gente.
Seu jeito adolescente de ser
Deixa sempre uma incógnita no ar
Tudo é o mais belo prazer
Ou tudo é tristeza no ar
Em nada se dá para acreditar
Já que o segredo é o seu ponto culminante
Que mais parece um atirar no escuro
Ou de cima de uma ponte
Onde não se vê a profundeza da água
E nem as pedras salientes.
Porangatu – GO, 2011.