O horário de visita acabou.

O horário de visita acabou.

O doente repousa na maca

O outro encosta a mão em seus pés

Não quer sentir os pés gelados

O gelado lembra a morte

Pérfida morte,

Em que esvaindo a alma

As palavras fluem grotescamente

Junto aos eletro gramas

“A família tá bem”

“A tia pegou um resfriado”

“Lá fora chove”

Como se as notícias, ao fim e ao cabo,

Iriam pôr fim naquele silencio estrondoso.

O horário de visita acabou

Os pensamentos continuam lá

Naquela maca, naquele doente

Nos outros doentes que estavam acordados

Mas aquele estava dormindo,

Continuou dormindo quando

O horário de visitas acabou

Tiram-se as roupas brancas,

Lava-se a mãos,

Secam algumas lágrimas,

Reza-se um terço

Dois

Três

Que Deus faça o que for melhor.

O horário de visitas acabou.

Não o vi mais.

Nunca mais.

Ady Bing
Enviado por Ady Bing em 31/05/2015
Código do texto: T5260960
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