O horário de visita acabou.
O horário de visita acabou.
O doente repousa na maca
O outro encosta a mão em seus pés
Não quer sentir os pés gelados
O gelado lembra a morte
Pérfida morte,
Em que esvaindo a alma
As palavras fluem grotescamente
Junto aos eletro gramas
“A família tá bem”
“A tia pegou um resfriado”
“Lá fora chove”
Como se as notícias, ao fim e ao cabo,
Iriam pôr fim naquele silencio estrondoso.
O horário de visita acabou
Os pensamentos continuam lá
Naquela maca, naquele doente
Nos outros doentes que estavam acordados
Mas aquele estava dormindo,
Continuou dormindo quando
O horário de visitas acabou
Tiram-se as roupas brancas,
Lava-se a mãos,
Secam algumas lágrimas,
Reza-se um terço
Dois
Três
Que Deus faça o que for melhor.
O horário de visitas acabou.
Não o vi mais.
Nunca mais.